Ponto 10 – Largo de São Miguel

 

Carregada às costas, fingindo o peso, Alfama aguentou a fama das suas gentes. Dos marialvas e dos rufias. Dos vadios e dos boémios. À mercê do desvendamento da verdade a todos se deu – pedindo que visitassem este castiço bairro antigo para ver como a fama é incerta. As pessoas são o melhor do bairro. Com o fado, prolongando a noitada, reconhece-se que elas só querem o bem e que, afinal, essa fama de que Conde de Sobral falou apenas servia para iludir aqueles que viam Alfama de fora – não sabendo que, como eu vos digo, nela sempre houve gente boa e honrada.

Ricardo Gonçalves Dias

 

BAIRRO AFAMADO

Não tenham medo da fama
De Alfama mal afamada
A fama às vezes difama
Gente boa, gente honrada

Fadistas venham comigo
Ouvir o fado vadio
E cantar ao desafio
Num castiço bairro antigo
Vamos lá, como eu lhes digo
E hão-de ver de madrugada
Como foi boa a noitada
No velho bairro de Alfama

Eu sei que o mundo falava
Mas por certo, com maldade
Pois nem sempre era verdade
Aquilo que se contava
Não tenham medo da fama
De Alfama mal afamada

Muita gente ali, levava
Vida sã e sossegada
Sob uma fama malvada
Que a salpicava de lama
A fama às vezes difama
Gente boa, gente honrada

Conde de Sobral

 

 

 

Lisboa Mauriciana

 

Roteiro mauriciano que nos conduz num percurso pontilhado entre o coração de Alfama e a Mouraria fadista. Da palmeira à guitarra, passando pelo cruzeiro do adro da Igreja Santo Estêvão e pelo sótão da Amendoeira, de olhos postos no Tejo, pensando a cidade, conhecendo ou relembrando a vida e obra do Rei sem Coroa, Fernando Maurício.

Em cada ponto, um poema. Em cada poema, um Fado, uma relação com o espaço, uma pista sobre Maurício.

Lisboa Mauriciana é um projeto da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior que presta homenagem ao Rei do Fado e que se complementa com o busto erguido em 2014 pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, na Rua da Guia, e com a Casa-Museu Fernando Maurício, equipamento cultural gerido pela Junta de Freguesia desde 2015.

 

 

 

 

CASA-MUSEU FERNANDO MAURÍCIO  |  LISBOA MAURICIANA