3ª Grande Corrida de Ano Novo
02/10/2024
Há muitas formas de noite. Se chega melancólica estala-se em destroços de uma paixão vivida a sós, e a solidão das horas escuras não se despede sem razões. De uma janela de um recanto de bairro – é por aqui que ela entra. Encara quem sofre vestida da noite, sendo metáfora de uma dor que só num fado se suporta. Jorge Fernando, ao escrever este poema, quis despedir a solidão sabendo que, depois de partir, só se fica um pouco mais só. Porque quando ela volta a fechar a janela a noite ainda tem de continuar.
Ricardo Gonçalves Dias
BOA NOITE SOLIDÃO
Boa noite solidão
Vi entrar pela janela
Teu corpo de negrura
Quero dar-te a minha mão
Como a chama duma vela
Dá a mão à noite escura
Os teus dedos solidão
Despenteiam a saudade
Que ficou no lugar dela
Espalhas saudade pelo chão
E contra a minha vontade
Lembras-me a vida com ela
Só tu sabes solidão
A angústia que trás a dor
Quando o amor a gente nega
Como quem perde a razão
Afogando o nosso amor
No orgulho que nos cega
Com o coração na mão
Vou pedir-te sem fingir
Que não me fales mais dela
Boa noite solidão
Agora quero dormir
Porque vou sonhar com ela.
Jorge Fernando
Roteiro mauriciano que nos conduz num percurso pontilhado entre o coração de Alfama e a Mouraria fadista. Da palmeira à guitarra, passando pelo cruzeiro do adro da Igreja Santo Estêvão e pelo sótão da Amendoeira, de olhos postos no Tejo, pensando a cidade, conhecendo ou relembrando a vida e obra do Rei sem Coroa, Fernando Maurício.
Em cada ponto, um poema. Em cada poema, um Fado, uma relação com o espaço, uma pista sobre Maurício.
Lisboa Mauriciana é um projeto da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior que presta homenagem ao Rei do Fado e que se complementa com o busto erguido em 2014 pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, na Rua da Guia, e com a Casa-Museu Fernando Maurício, equipamento cultural gerido pela Junta de Freguesia desde 2015.
CASA-MUSEU FERNANDO MAURÍCIO | LISBOA MAURICIANA