Ponto 8 – Miradouro de Santa Luzia

 

Do cais vê-se o Tejo e a despedida. Mãos erguidas em choro para ver o amor partir numa promessa de regresso que desconhece certezas. Durante anos o cenário repetiu-se: a guerra levava os corações de quem partia e os corações de quem ficava. Sem ele, batendo noutro peito, no cais aprendia-se a viver na suspensão da alegria, num ritual que marcou o cais da cidade e que António Rocha escreveu para Fernando Maurício. Ao ouvi-lo é fácil imaginar, de novo, a repetição desse cenário triste. E também se imagina uma mão erguida em choro pedindo a Deus para organizar o regresso.

Ricardo Gonçalves Dias

 

FUI DIZER-TE ADEUS AO CAIS

Fui dizer-te adeus ao cais
Levado p’lo sentimento
Que guiava os passos meus
Não devo sentir jamais
A tristeza do momento
Em que dissemos adeus

Apenas duas palavras
Um leve aperto de mão
E um beijo que simulei
Ao tempo em que te afastavas
Senti que meu coração
Ia contigo também

Já distantes, os olhos teus
Não viam que a minha mão
Ia acenando a tremer
Volta depressa, por Deus
Levaste o meu coração
Sem ti não posso viver

António Rocha

 

 

 

Lisboa Mauriciana

 

Roteiro mauriciano que nos conduz num percurso pontilhado entre o coração de Alfama e a Mouraria fadista. Da palmeira à guitarra, passando pelo cruzeiro do adro da Igreja Santo Estêvão e pelo sótão da Amendoeira, de olhos postos no Tejo, pensando a cidade, conhecendo ou relembrando a vida e obra do Rei sem Coroa, Fernando Maurício.

Em cada ponto, um poema. Em cada poema, um Fado, uma relação com o espaço, uma pista sobre Maurício.

Lisboa Mauriciana é um projeto da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior que presta homenagem ao Rei do Fado e que se complementa com o busto erguido em 2014 pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, na Rua da Guia, e com a Casa-Museu Fernando Maurício, equipamento cultural gerido pela Junta de Freguesia desde 2015.

 

 

 

 

CASA-MUSEU FERNANDO MAURÍCIO  |  LISBOA MAURICIANA