Ponto 9 – Adro da Igreja de Santo Estêvão

 

Cedeu uma das torres sineiras ao abalo do grande terramoto e a sua reconstrução honrou-lhe a teimosia. Ali continua, a nordeste do bairro, virada de frente para ele só com a torre que ladeia o adro onde, nas noites bem passadas, juntavam-se boémios e fadistas para ouvir cantar o fado num soberbo quadro vivo que o poeta Gabriel de Oliveira pintou em texto. Ícone monumental de Alfama, a Igreja de Santo Estêvão é o fado da recordação alfamista que ganhou fama, como o bairro, na voz do fadista da Mouraria.

Ricardo Gonçalves Dias

 

IGREJA DE SANTO ESTÊVÃO

Na igreja de Santo Estêvão
Junto ao cruzeiro do adro
Houve em tempos guitarradas
Não há pincéis que descrevam
Aquele soberbo quadro
Dessas noites bem passadas

Mal que batiam trindades
Reunia a fadistagem
No adro da santa igreja
Fadistas, quantas saudades
Da velha camaradagem
Que já não há quem a veja

Santo Estêvão, padroeiro
Desse recanto de Alfama
Faz um milagre sagrado
Que voltem ao teu cruzeiro
Esses fadistas de fama
Que sabem cantar o fado

Gabriel de Oliveira

 

 

 

Lisboa Mauriciana

 

Roteiro mauriciano que nos conduz num percurso pontilhado entre o coração de Alfama e a Mouraria fadista. Da palmeira à guitarra, passando pelo cruzeiro do adro da Igreja Santo Estêvão e pelo sótão da Amendoeira, de olhos postos no Tejo, pensando a cidade, conhecendo ou relembrando a vida e obra do Rei sem Coroa, Fernando Maurício.

Em cada ponto, um poema. Em cada poema, um Fado, uma relação com o espaço, uma pista sobre Maurício.

Lisboa Mauriciana é um projeto da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior que presta homenagem ao Rei do Fado e que se complementa com o busto erguido em 2014 pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, na Rua da Guia, e com a Casa-Museu Fernando Maurício, equipamento cultural gerido pela Junta de Freguesia desde 2015.

 

 

 

 

CASA-MUSEU FERNANDO MAURÍCIO  |  LISBOA MAURICIANA