O Lugar de Ninguém

Exposição de Gabriel Garcia

 

 

A Galeria Santa Maria Maior dá as boas-vindas à exposição de produção artística de Gabriel Garcia, de 27 de fevereiro de 2025 a 29 de março de 2025.

 

O Lugar de Ninguém: Entre a Fronteira e o Infinito

A obra de Gabriel Garcia não se configura como um simples exercício de resposta, mas como uma verdadeira e contínua travessia da inquietude de existir. A sua pintura é um processo permanente de exploração, fazendo da criação um encontro consigo próprio, uma perda e uma reinvenção. Gabriel não nos oferece certezas, mas reflexões sobre as angústias da identidade e os desafios da experiência humana. “O meu lado na pintura”, como descreve, é um projeto sem fim, uma jornada introspetiva refletida em cada pincelada, em cada escolha, um acto de auto-imersão. A sua busca não é solitária. As suas pinturas e instalações evocam um desejo universal: o de encontrar um lugar e afirmar-se num mundo onde as fronteiras entre o pertencente e o excluído se diluem. O conceito de “lugar de ninguém” surge como uma metáfora urgente, ressoando com a sensação de vazio existencial – um limbo onde a identidade se desfaz e se reconfigura. Para Gabriel, o “não-lugar” não é apenas vazio, mas um espaço de transição, onde os limites entre os mundos conhecidos e desconhecidos se desvanecem, oferecendo uma possibilidade de reinvenção contínua.

Inspirado por Edward Hopper e Edvard Munch, Gabriel habita o desconforto da solidão e da melancolia, explorando as emoções como forças transformadoras. A solidão, no seu trabalho, não é passiva ou autocomplacente, mas uma condição ativa de descoberta e desestabilização. A pintura de Gabriel não se limita ao físico, é um reflexo da condição humana universal: a busca incessante por um lugar que ofereça acolhimento e sentido. Este espaço é efémero, à beira da transgressão e da rutura com o familiar.

O “lugar de ninguém” transcende o espaço geográfico, tornando-se uma alegoria para a condição existencial humana. Gabriel, ao transitar entre as ilhas dos Açores, Lisboa e outros lugares, explora o deslocamento físico e emocional. A sua identidade é fluida e múltipla – pertencente a todos os lugares e, ao mesmo tempo, a nenhum. Esse deslocamento não é vazio, mas um espaço de potencial. As suas obras tornam-se campos de resistência onde a fluidez da identidade se opõe às rígidas categorizações preexistentes, criando um terreno fértil para a reinvenção.

O “lugar de ninguém” adquire uma dimensão filosófica nas suas obras, questionando as fronteiras visíveis e invisíveis que nos separam. Gabriel incita-nos a refletir sobre as construções sociais que definem o que é “normal” e o que é “marginal”. A sua arte é um apelo à ação – para reconsiderarmos o conceito de pertença e reconfigurarmos as formas através das quais nos afirmamos no mundo. Neste “não-lugar” não há respostas prontas, mas um contínuo questionar.

Em tempos de exclusão, medo e deslocamento forçado, a obra de Gabriel oferece uma reflexão sobre o lugar da humanidade. A dor da ausência de um lugar fixo não é uma condenação, mas uma oportunidade – um espaço onde podemos questionar as nossas certezas e criar novas formas de ser. O “lugar de ninguém” deixa de ser o vazio que nos separa, tornando-se solo fértil para um novo começo.

Assim, ao navegar pela busca do “lugar de ninguém”, Gabriel desafia-nos a questionar as nossas próprias fronteiras e oferece uma visão de esperança: a possibilidade de transcendermos a rigidez do lugar fixo e encontrarmos liberdade na fluidez, na indefinição, no constante recomeço. Num mundo onde as fronteiras de identidade e pertencimento estão em constante mutação, o “não-lugar” de Gabriel torna-se um campo de possibilidades infinitas, um convite para sermos, ao mesmo tempo, de todos os lugares e de nenhum, livremente.

 

 

GABRIEL GARCIA

Nasceu na ilha do Pico (Açores) em 1977. Licenciou-se em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Atelier de expressão plástica de desenho e pintura, Academia das Artes de Ponta Delgada. A sua obra está representada em coleções públicas e privadas, coleção PLMJ, Fundação de Cerveira, Price Water house Coopers Portugal, EFCIS.
A definição de obra de arte é um processo. Tem sido essa a minha busca na pintura, no desenho ou na instalação, investigando e acreditando acima de tudo no processo do próprio desenvolvimento criativo como artista plástico. Gabriel Garcia Expõe com regularidade desde 2007. Vive e trabalha em Lisboa.

 

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS:
2025- “336 Linha do Norte” Galeiria Trindade, Porto.
2024- “Aprés la Fenêtre” Sociedade Nacional de Belas Artes Lisboa.
2023- “Recados d’Alma”, Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, Ericeira, Mafra.
2022- “Um par de paus, uma cabana”, Galeria Espaço Exibicionista.
2020- “Um olhar com distância” Atmosfera M, Mutualista Montepio Geral, Lisboa; “Convocar a Pintura”, Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, Ponte de Sor; “Quem atira a primeira pedra”, Galeria Espaço Exibicionista, Lisboa;
2019- “La Dérive”, Abbaye Saint André -Centre d’Art Contemporain, Meymac, França; “A métrica do destino”,Casa Manuel de Arriaga, Horta -Faial, Açores.
2018- “Fresh days”, Galeria Espaço Exibicionista, Lisboa; “Exodus”, Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, Ponte de Sôr.
2016- “Diário do Tempo”, Galeria Acervo, Lisboa; “Moment Stills” , Centro Municipal de Cultura (Galeria Municipal), Ponta Delgada, Açores; “VANT”, Galeria7, Coimbra.
2015-“Sinestesia”,Miguel Justino Contemporary Art, Lisboa; “Étrange Présence en Moi”,Joao Gallery, Paris, França.
2014- “Epopeia do Ovo”, Galeria António Prates, Lisboa.
2013- Walkthrough a Story, Galeria António Prates, Lisboa.
2011- “Por Aí” Galeria António Prates, Lisboa.
2010- “Era Uma Vez Uma Coisa Qualquer”, Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, Ponte de Sôr.
2009- “Cartografia da Liberdade – No Room for More”, Perve Galeria, Lisboa.

 

EXPOSIÇÕES COLETIVAS:
2024- “Lugares que o mundo nos oferece”, Galeria Casa d’Avenida;
2024- Exposição Coleção Luís Ferreira, MIAA, Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes.
2023- “Perspectiva 24” Fundação Bienal de Cerveira, Cerveira.
2023- “Não Basta Pensar”, Galeria Santa Maria Maior, Lisboa.
2022- “Clausura”, Centro cultural de Samora Correia. XX I Bienal Internacional de Arte de Cerveira, Vila Nova de Cerveira; “Library” , Galeria Espaço Exibicionista, Lisboa; “ Varia” Abbaye Saint André -Centre d’Art Contemporain, Meymac, França. XX Bienal Internacional de Arte de Cerveira, Vila Nova de Cerveira.
2018- XX Bienal Internacional de Arte de Cerveira, Vila Nova de Cerveira; “Variations Portugaises” Centro de Arte Contemporânea de Meymac, França.
2017- XIX Bienal Internacional de Arte de Cerveira, Vila Nova de Cerveira; “Do Abstracto ao Figurativo”, Galeria Sala 117, Porto.
2016“Emerging Art Now”, Galeria Emergentes, Braga; “Não sei quantas almas tenho”, Galeria Acervo, Lisboa.
2015 “Lusofonias”, India International Centre, Nova Deli, India.
2014- “S4 Adjacentes”, Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural e Ciência,Lisboa.
2013Galeria Rosso Tiziano, Milão, Itália; “Festival Walk&Talk”, Galeria Wak&Talk, Ponta Delgada, Açores.
2012- 6ª Bienal de Gravura do Douro, Núcleo de Gravura do Grupo Recreativo e Cultural de Alijó; “Arquipélago”, Academia das Artes dos Açores, Ponta Delgada, Açores.
2011-“XVI Bienal de Cerveira”, Vila Nova de Cerveira.
2010- 5ª Bienal de Gravura do Douro, Núcleo de Gravura do Grupo Recreativo e Cultural de Alijó.
2010- “Sala do Veado, Cabinet d’Amateur” Museu Nacional de História Natural e Ciência, Lisboa; “Lusofonias”, (Perve Galeria) Galeria Nacional de Arte em Dacar, Senegal.
2009- “A Teoria do Buraco Negro” Galeria São Bento, Lisboa.
2008/09- ‘Mobility’, Satellite exhibition for the Prague Triennale 08, Prague National Gallery, Praga, República Checa; ‘Mobility’, National Museum of Bulgarian Art; Turlej Institution & Gallery (Poland); Panteão Nacional, Lisboa (Portugal).

 

PRÉMIOS:
16ª Bienal de Cerveira de 2011, prémio de aquisição – Menção Honrosa Fine Papers – Papies 2011, prémio de GravuraLisboa. – Menção Honrosa Fine Papers – Papies 2010, prémio de Gravura, Lisboa. – Menção Honrosa, Concurso de Pintura e Escultura Artur Bual, C.M. Amadora.

 

 

 

GALERIA SANTA MARIA MAIOR

Rua da Madalena, 147

27 de fevereiro de 2025 – 29 de março de 2025

Inauguração: 27 de fevereiro (quinta-feira), 18h00

Patente até 29 de março, de segunda-feira a sábado, 15h00-20h00

Entrada livre.