COMUNICADO

Filmagens prolongadas e com ruído durante oito noites condicionam direito ao descanso em Santa Maria Maior

 

O Executivo da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior manifesta a sua apreensão e oposição face à possibilidade de ocupação abusiva do espaço público prevista num plano de filmagens noturnas apresentado pela produtora Ready to Shoot, numa produção para a Netflix, pelo impacto negativo que estas filmagens – oito noites seguidas e dois dias – causarão na qualidade de vida, no direito ao descanso e tranquilidade e no direito à mobilidade dos moradores das zonas contempladas.

Estas filmagens, previstas para o mês de julho próximo, no horário compreendido entre as 18h e as 8h do dia seguinte, durante as já referidas oito noites seguidas, recorrendo a efeitos de fogo, armas de fogo, colisões entre automóveis, perseguições com automóveis e motociclos, perseguições de motociclos pelas escadas e escadinhas dos bairros e outros diversos efeitos especiais na Baixa, Chiado e Mouraria, não deixarão de provocar um grande incómodo para a população residente, sobretudo para as famílias com crianças e para os idosos.

Está em causa o direito ao descanso dos moradores, assim como os direitos de circulação, acesso e estacionamento, em consequência da ocupação massiva que as filmagens acarretam.

A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior não tem, no âmbito das suas competências legais, poderes para impedir estas filmagens tal como estão previstas – trata-se de uma competência exclusiva da Câmara Municipal de Lisboa – e lamenta que o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.º Carlos Moedas, tenha já manifestado o seu entusiasmo pela sua realização, sem primeiro conhecer a opinião ou parecer da Junta de Freguesia.

A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior está disponível para encontrar uma solução razoável, mas não para assumir uma postura de subserviência a tudo o que vem proposto pelos diversos “impérios culturais da moda”.

O Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, não pode deixar de manifestar publicamente o seu desagrado com a transformação da freguesia num “estúdio cinematográfico”. Naturalmente, esta Junta estará disponível para trabalhar no sentido de encontrar uma solução aceitável e com menor impacto negativo para as pessoas.

 

Lisboa, 21 de fevereiro de 2022