Prémio Literário Armando Baptista-Bastos

2023

 

 

ÁLVARO FILHO VENCE PRÉMIO LITERÁRIO ARMANDO BAPTISTA-BASTOS, 1ª EDIÇÃO

 

Fotografia: Natacha Cardoso

 

ÁLVARO FILHO VENCE A 1ª EDIÇÃO DO PRÉMIO LITERÁRIO ARMANDO BAPTISTA-BASTOS

 

No Dia da Freguesia de Santa Maria Maior, particularmente especial pela comemoração do 10º Aniversário da Freguesia, foi descerrada uma placa evocativa na morada do escritor, patrono do prémio literário da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, e anunciado o vencedor da 1ª edição. O Prémio Literário Armando Baptista-Bastos regressa em 2024.

O Presidente da Junta de Freguesia, Miguel Coelho, reforça que este prémio literário é uma forma de evidenciar uma grande figura da nossa cultura que se expandiu a partir do território de Santa Maria Maior, Armando Baptista-Bastos”, e que estimula a leitura, a criatividade e “o regresso aos livros”, motivando novos autores “a escrever, a produzir obras e a incentivar outros à leitura”. Para a família, nas palavras de um dos filhos do patrono, Miguel Baptista-Bastos, este prémio literário foi “o ato e ação mais importantes, após a morte, que aconteceram na família”.

O vencedor desta primeira edição, Álvaro Filho, “muito feliz” e com sentido de “responsabilidade pelo patrono do prémio e pelo presidente do júri”, destacou a “coragem e sensibilidade em perceber que o português do Brasil é uma das vozes que compõe, não só o cenário cultural de Lisboa, mas também da própria freguesia”. Quis a sorte que o autor tenha uma ligação forte ao território, tendo vivido em Alfama quando chegou a Portugal.

A obra Disfarça, que lá vem Sartre é “um romance muito bem concebido e deu-nos um especial prazer premiar uma obra de um autor brasileiro que vive em Lisboa, o que foi uma segunda alegria. Parece-me muito importante estarmos atentos à diáspora brasileira que se concentra na cidade” – Manuel Alberto Valente, editor, presidente do júri.

Com um elevado índice de participação, que ultrapassou as três dezenas de candidaturas, com autores de diversos países, o prémio literário levantou ambições para o futuro: “Para a segunda edição, aquilo que esperamos, é que se cumpra o mesmo índice de participação, consigamos fazer com que este prémio cresça e se torne, num curto espaço de tempo, uma grande referência no panorama literário português e que ajude a consolidar a carreira de vários autores do espaço lusófono e, quiçá, até de outros países do mundo” – Ricardo Gonçalves Dias, vogal do Executivo da Junta com o pelouro da Cultura.

 

Nota justificativa do júri

Reunido no dia 24 de outubro de 2023, o júri do Prémio Literário Armando Baptista-Bastos, instituído pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Lisboa, decidiu por unanimidade premiar a obra «Disfarça, que lá vem Sartre», de que é autor Álvaro Filho.

Partindo de um facto histórico marcante – a visita ao Brasil de Jean-Paul Sartre e de Simone de Beauvoir, em 1960, a convite de Jorge Amado, para proferirem uma série de conferências em várias cidades brasileiras -, a obra centra-se na estadia de Sartre no Recife, onde ficou retido durante algum tempo devido ao internamento hospitalar de Simone de Beauvoir, vítima de tifo. Durante esse período, Sartre foi alvo das mais rocambolescas peripécias, de que o autor nos dá conta numa linguagem elegante e depurada que acompanha a riqueza lexical e construtiva de todo o texto. Muito bem contextualizado, em termos históricos, sociais e políticos, o romance de Álvaro Filho permite-nos também conhecer melhor a realidade do Brasil no tempo do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.

 

Nota biográfica

Álvaro Filho é um escritor e jornalista luso-brasileiro, nascido no Recife, em 1973.

Desde 2016, vive em Lisboa, onde é cronista e repórter na Mensagem de Lisboa, depois de ter colaborado com O Corvo e o Diário de Notícias, além de vários órgãos de comunicação social brasileiros, em 25 anos de profissão.

É autor de cinco romances, entre eles o mais recente, Alojamento Letal (Planeta Portugal), passado em Alfama, onde viveu, e que narra de forma ácida e irreverente a caça de um serial killer que elimina os “velhinhos do bairro” para liberar os apartamentos ao alojamento local, numa reflexão sobre a galopante gentrificação e especulação imobiliária.

Foi vencedor do Prémio Hermilo Borba Filho 2016 e semifinalista do Prémio Oceanos 2018, com a ficção “Curso de Escrita de Romance – nível 2” (Cepe Editora, ainda sem edição em Portugal), vencedor do prémio de Melhor Ficção de 2019, da Academia Pernambucana de Letras, com Meu Velho Guerrilheiro (Editora Gato Bravo), vencedor do Novos Talentos de Escrita FNAC Portugal, em 2018, com o conto Otelo e, ainda em Portugal, do prémio Rogério Rodrigues de Crónica Jornalística 2023. É agora, ainda, vencedor do Prémio Armando Baptista-Bastos 2023, com a obra Disfarça, que lá vem Sartre.

 

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ATRIBUIÇÃO DO PRÉMIO | 1ª EDIÇÃO

26OUTUBRO

 

18h00 – Descerramento de placa evocativa na morada de Armando Baptista-Bastos

                 Rua Norberto Araújo, 6

19h00 – Cerimónia de atribuição do prémio

                 Auditório Ruben de Carvalho – Museu do Fado, Largo do Chafariz de Dentro, 1

 

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CANDIDATURAS | 1ª EDIÇÃO

17ABRIL-30JULHO

 

A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior apresentou, a 26 de outubro de 2022, Dia da Freguesia, o Prémio Literário Armando Baptista-Bastos. Trata-se de uma homenagem ao jornalista, escritor, cronista e olisipógrafo de coração, que viveu muitos anos em Alfama e embrenhou-se na vida e nas histórias deste bairro de Santa Maria Maior. Com esta iniciativa, a Junta de Freguesia pretende não só honrar a memória de Armando Baptista-Bastos, mas os próprios bairros e a cidade de Lisboa.

 

As candidaturas para a 1ª edição do Prémio Literário Armando Baptista-Bastos decorrem entre 17 de abril e 30 de julho de 2023. As obras a concurso devem ser inéditas e escritas em língua portuguesa, no domínio da prosa de ficção (romance ou novela), com um mínimo de 150 mil caracteres e submetidas de acordo com o estipulado em regulamento. Ao vencedor, anunciado no Dia da Freguesia 2023, será atribuído um prémio no valor pecuniário de 3 500€.

 

Regulamento | Prémio Literário Armando Baptista-Bastos 2023

Submissão de candidaturas por correio registado, contendo 5 exemplares impressos, para a morada do edifício-sede da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, sita na Rua da Madalena nº 151 R/C 1100- 319 Lisboa. Não serão consideradas as candidaturas que não respeitem o Regulamento do Prémio Literário Armando Baptista-Bastos ou que sejam remetidas por vias alternativas.

 

Composição do júri:

Manuel Alberto Valente | Editor (Presidente)
João Soares | Figura do panorama político e cultural nacional
Maria João Cantinho | Poetisa, crítica literária e ensaísta
Ricardo Gonçalves Dias | Executivo da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior – Pelouro da Cultura
Alice Vieira | Escritora e jornalista

 

Biografia:

Armando Baptista-Bastos nasceu na Ajuda, em 1934. Veio a falecer em 2017, aos 83 anos. Foi jornalista, cronista, romancista e ensaísta, escritor de referência a quem o também jornalista Adelino Gomes atribuiu um “estilo inconfundível”. Viveu grande parte da sua vida em Alfama, intitulou-se “um homem dos bairros” e foi dos maiores olisipógrafos do séc. XX, com vasta obra sobre a cidade. Foi inclusivamente Presidente da Comissão Administrativa de São Miguel imediatamente após o 25 de Abril.

Estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Durante a adolescência, foi aprendiz de diversos ofícios: tipógrafo, torneiro mecânico, marceneiro, empregado de drogaria e empregado de confeitaria. Foi com o pai que descobriu o gosto pela escrita e pelo jornalismo e, com 14 anos, escreveu a sua primeira crítica social para O Diário Popular. Aos 19 anos, iniciou o percurso jornalístico no jornal O Século, chegando a subchefe de redação d’O Século Ilustrado, onde inicia um estilo inovador e polémico, com a coluna de crítica “Comentário de Cinema”.

Aos 25 anos publicou o primeiro livro O Cinema na Polémica do Tempo. Em 1969, lança As Palavras dos Outros, considerado por Fernando Dacosta uma “referência obrigatória”. A convite do Público, realizou algumas entrevistas sob o mote “Onde é que você estava no 25 de Abril?”, expressão que perdura no tempo.

Baptista-Bastos trabalhou no Diário Popular durante mais de 20 anos, foi cronista em diversos jornais, o Jornal de Notícias, A Bola, Tempo Livre e crítico no Jornal de Letras, Artes e Ideias, Expresso, Jornal do Fundão e Correio do Minho. Foi colunista do Público e do Diário Económico. Fundou o semanário O Ponto, que marcou a época, com a realização de 80 entrevistas. Na rádio, leu crónicas na Antena Um e na Rádio Comercial e foi o primeiro comentador das “Crónicas de Escárnio e Maldizer” da TSF. Fez os programas “Conversas Secretas” e “Cara-a-Cara”, na SIC.

Ficou conhecido como um homem de esquerda. Envolveu-se na “Revolta da Sé” e consequentemente foi despedido d’O Século. Foi nesta altura que conheceu Fernando Lopes, com quem trabalhou no filme Belarmino e para quem escreveu textos para noticiários e documentários da RTP. Trabalhou no Brasil durante o golpe de Estado que despoletou a ditadura militar brasileira, fazendo a cobertura para o jornal República, que é censurada.

É autor de mais de duas dezenas de livros A Bolsa da Avó Palhaça, A Cara da Gente, As Bicicletas em Setembro, Cão Velho entre Flores, A Colina de Cristal, O Cavalo a Tinta-da-China e No Interior da Tua Ausência.

Foi distinguido com inúmeros prémios: Feira do Livro (1966), Prémio Artur Portela (1978), Prémio Nacional de Reportagem/Prémio Gazeta (1985), Prémio Casa da Imprensa (1986), Prémio O Melhor Jornalista do Ano (1980 e 1983), Prémio Pen Clube (1987), Prémio Cidade de Lisboa (1987), Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários (2002), Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores (2003), Prémio de Crónica da Sociedade da Língua Portuguesa, João Carreira Bom (2006) e o Prémio Clube Literário do Porto (2006).