Edição Limitada | Ano 3
02/12/2024
Sem diálogo
… apesar de ser uma mostra conjunta. Os artistas habitam espaços estéticos, códigos e processos de abordagem técnica nas suas obras que não poderiam ser mais opostos, bem como os seus percursos. A relação entre o figurativo com uma narrativa onírica e o active painting só seria possível se existisse uma obra a duas mãos. Tal não aconteceu. Mas aconteceu uma promessa. A promessa de uma mostra conjunta feita por dois amigos ainda na adolescência. A amizade ficou e a promessa realizou-se.
Sem diálogo com muito diálogo à mistura.
Exposição com pintura de João Amoêdo Pinto e desenho de Jorge Barrote, patente de 12 de abril a 6 de maio, na Galeria Santa Maria Maior.
Nasceu em lisboa em 1967 numa família de arquitetos, artistas e colecionadores de arte, onde desde muito jovem teve contacto com o mundo da arte. Através da publicidade e do design desenvolveu a sua expressão artística e criatividade de uma forma diferente, e em 2016 voltou à expressão artística devido ao seu crescimento emocional e espiritual.
INTROSPETIVA
Olhar e compreender o exterior através do interior.
Perceber o que nos molda, a incerteza das certezas absolutas. Que herança emocional nos traz a este mundo?
Por quanto tempo seguimos o caminho errado e em que momentos temos a perceção de o seguir, quantas vezes a questão tem resposta em nós e quantas vezes a tem no mundo que nos rodeia.
Vivemos uma nova ordem onde a humanidade é preterida por valores impostos aos quais somos, na grande maioria, alheios, certezas incertas.
O questionar permanente da razão de ser, do caminho a seguir e daquele que nos trouxe até aqui.
Sentimento ambíguo em função do tempo e da perspetiva que o mesmo nos faculta.
Evolução aparente, que retrocede num suspiro, no entanto prosseguimos na esperança de encontrar resposta e percorrer o caminho certo.
Raiva, paixão, afinidade, desprezo, compaixão, ignorância, amor, os nossos atos são os nossos monumentos.
Palavras soltas, pensamentos dispersos, emoções contraditórias. Os fragmentos do que faz o nosso todo.
Eis a introspetiva.
João Amoêdo Pinto
Com estudos no IADE, frequentou o Arco e a Sociedade Nacional de Belas Artes. Fez o seu percurso em várias agências do mercado tanto nacionais como internacional, tendo ganho vários prémios. Artista plástico, diretor de arte e criativo. Foi professor nos institutos de comunicação Restart e Etic.
A AUSÊNCIA DA GRAVIDADE
A ausência da gravidade
Uma relação do corpo com o espaço e a consciência.
Estes trabalhos espelham emoções estéticas através da fisicalidade
do gesto, numa execução contida, numa execução livre.
O limite do corpo, a ausência de peso, um voltar para dentro, para o desenho
que aparece e desaparece, que tem de ser procurado como um pensamento.
Desenho que se torna táctil, um objecto de mão no olhar.
Uma narrativa continua, num acto de perpétua consciência, numa repetição
elíptica de memórias, de apegos, dos sonhos que são indeléveis. O que é verdade?
o que ficou? O que o tempo não conseguiu apagar. A expressão plástica
torna-se a sua própria audiência e testemunha.
As obras fluem entre a mente e a meditação, no objectivo de se transmutarem
numa transparência formal. Uma fracção do tempo cristalizada no tempo em si.
Os pensamentos têm cor?
Jorge Barrote
Galeria Santa Maria Maior > Rua da Madalena, 147
Segunda-feira a sábado, 15h-20h
Inauguração: 12 de abril, 18h