Fernando Maurício – 20 Anos de Legado

13 a 16 de julho de 2023

 

No ano em que se assinalam 20 anos desde o desaparecimento de Fernando Maurício, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior tem um programa de 13 a 16 de julho que celebra a vida e obra desta figura maior do Fado em Portugal. Fernando Maurício – 20 Anos de Legado engloba, para além da tradicional tarde de fados, a inauguração de um roteiro mauriciano, a projeção do documentário biográfico do cineasta Diogo Varela Silva, uma conversa com Rui Vieira Nery, Diogo Varela Silva e o mauriciano Jorge Fernando e muito mais, em tributo ao Rei sem Coroa, em Santa Maria Maior. Todas as iniciativas têm participação aberta ao público!

O programa Fernando Maurício – 20 Anos de Legado é uma iniciativa da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, com apoio do Grupo Desportivo da Mouraria e da Escola de Fado do Mouraria.

 

 

 

PROGRAMA

13JULHO (QUINTA-FEIRA)

 

21h00 | Rua da Guia

Apontamento de Fado – Escola de Fado do Mouraria

 

Projeção do documentário Fernando Maurício – O Rei sem Coroa, de Diogo Varela e Silva

 

 

14JULHO (SEXTA-FEIRA)

 

18h00 | Largo de São Miguel, junto à palmeira

Inauguração do roteiro Lisboa Mauriciana

Percurso pontuado por Fado: Jaime Dias, Vítor Miranda e Fernando Jorge

Guitarra: José Manuel Neto | Viola: Ivan Cardoso

 

 

15JULHO (SÁBADO)

 

11h00 | Cemitério dos Prazeres

Ato solene

 

18h00 | Casa-Museu Fernando Maurício, Rua João do Outeiro

Tertúlia “Fernando Maurício – 20 anos de legado”

Com Rui Vieira Nery, Diogo Varela Silva e Jorge Fernando

 

 

16JULHO (DOMINGO)

 

14h00 | Rua da Guia

Apontamento junto ao busto

 

15h00 | Rua da Mouraria

Tributo a Fernando Maurício – Grande Tarde de Fados

 

 

Todas as iniciativas são públicas e de participação aberta!

 

 

Fernando Maurício, o Rei sem Coroa

Um dos maiores símbolos do Fado castiço, Fernando Maurício nasceu no coração da Mouraria, na Rua do Capelão, a 21 de novembro de 1933. De uma família centenária do bairro, com apenas 8 anos começou a cantar numa taberna da rua onde morava, O Chico da Severa, traçando o seu próprio destino. Ainda em tenra idade, integrou a Marcha Infantil da Mouraria, sem poder adivinhar que viria um dia a ser padrinho da marcha do bairro que o viu nascer. A aprender o ofício de sapateiro e sem completar a instrução primária, os seus estudos viraram-se para as letras de Fado. Cantou nas mais reputadas casas de Fado de Lisboa, como o Café Latino, o Retiro dos Marialvas, Vera Cruz, Café Luso, a Adega Machado ou O Faia, como também n’Os Ferreiras ou n’O Cabacinha, entre outros. Reconhecido pela autenticidade com que interpretava o Fado, foi eternizado como “Rei do Fado”.

Cantou durante cerca de 20 anos em programas de Fados na Emissora Nacional, na RTP, e gravou vários discos, dos quais se destacam De Corpo e Alma Sou Fadista (1984), Fernando Maurício, Tantos Fados Deu-me a Vida (1995), Fernando Maurício, Os 21 Fados do Rei (1997), Fernando Maurício na coleção O Melhor dos Melhores (1997), Fernando Maurício na coleção Clássicos da Renascença (2000) e Saudade de Fernando Maurício – Antologia 1961-1995 (2004).

Fernando Maurício foi uma figura incontornável na história do Fado de Lisboa e, no seu perfil humanista, cantou durante toda a sua vida em centenas de festas de beneficência por todo o país. Participou em inúmeros espetáculos fora das fronteiras do país e da Europa. Foi galardoado com o Prémio da Imprensa (1969), os Prémios Prestígio e de Carreira da Casa da Imprensa (1985/1986), o Diploma de Mérito da Associação Portuguesa Amigos do Fado e, ainda o título honorífico da Comenda de Bem Fazer (2001) atribuído pela Presidência da República. Tem uma placa evocativa na Rua do Capelão, descerrada por Amália, em 1989. Foi, em vida, homenageado duas vezes pelo município de Lisboa, a primeira, em 1994, no Teatro Municipal São Luiz, e a segunda, em 2001, no Coliseu dos Recreios. Em 2004, foi feita uma homenagem póstuma, «Boa Noite Solidão», já 2004. Anualmente, no domingo que sucede a data do seu falecimento, o Grupo Desportivo da Mouraria e a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior prestam tributo ao fadista, com uma Grande Tarde de Fados na Rua da Mouraria.

Em 2011, o cineasta, realizador e produtor Diogo Varela Silva realizou o documentário Fernando Maurício – O Rei Sem Coroa. No ano 2014, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior inaugurou um busto do fadista, em bronze, de autoria do escultor José Carlos Almeida. Na Rua João do Outeiro, desde julho de 2015, está aberta ao público a Casa-Museu Fernando Maurício, onde é possível conhecer todo o percurso do fadista, ouvir a discografia completa e redescobrir imagens de arquivo. A gestão do equipamento cultural cabe à Junta de Freguesia de Santa Maria Maior e o trabalho museográfico esteve sob alçada do Museu do Fado.

Detentor de uma voz genuína e arreigado à sua raiz bairrista, é por muitos considerado o maior fadista da sua geração. Faleceu em Lisboa, a 15 de julho de 2003. A sua vida e obra criaram um mito eterno de uma das grandes referências do Fado em Portugal, que deixou legado em tantas outras vozes do Fado atual e fez nascer os mauricianos.