PERCURSO LISBOA MAURICIANA
27SETEMBRO, SEXTA-FEIRA

 

No ano em que o Caixa Alfama presta homenagem a Fernando Maurício, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior revisita o projeto Lisboa Mauriciana e inaugura uma nova placa na frente ribeirinha, junto ao palco principal do festival, em parceria institucional com a o Terminal de Cruzeiros e o Porto de Lisboa.

 

  • Partida às 17h30, da Casa-Museu Fernando Maurício – Rua João do Outeiro
  • Inauguração da 11ª placa do projeto Lisboa Mauriciana e término do percurso pedonal às 18h30, junto ao Terminal de Cruzeiros – Porto de Lisboa
  • Participação aberta e sem inscrição.

 


Lisboa Mauriciana

 

Roteiro mauriciano que nos conduz num percurso pontilhado entre o coração de Alfama e a Mouraria fadista. Da palmeira à guitarra, passando pelo “cruzeiro do adro” da Igreja Santo Estêvão e pelo “sótão da Amendoeira”, de olhos postos no Tejo, pensando a cidade, conhecendo ou relembrando a vida e obra do Rei sem Coroa, Fernando Maurício.

Em cada ponto, um poema. Em cada poema, um Fado, uma relação com o espaço, uma pista sobre Maurício.

Lisboa Mauriciana é um projeto da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior que presta homenagem ao Rei do Fado e que se complementa com o busto erguido em 2014 pela Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, na Rua da Guia, e com a Casa-Museu Fernando Maurício, equipamento cultural gerido pela Junta de Freguesia desde 2015.

 

 

Homenagear Maurício é homenagear o Fado e a cidade.

Nascido na Mouraria, o Rei do Fado foi muito para além do seu bairro. Eternizou a Igreja de Santo Estêvão, na vizinha Alfama, falou do Tejo, do próprio Fado e do ser-se fadista. Cantou amores e desamores, a boémia, fados de despedida, de saudade e nostalgia. Sobre o seu bairro cantou mais, em jeito autobiográfico, lembrando a infância e as agruras da vida. Sobre tudo, cantou com alma, cada palavra de cada poema que elevou com a sua voz.

Fernando Maurício vive na memória coletiva e, agora, nas pedras da nossa calçada. Ao calcorrear a freguesia, atravessamos a vida e obra do fadista que viria a marcar gerações, deixando no Fado o seu legado. Fernando Maurício está em cada recanto de Santa Maria Maior e ainda mais presente no busto erguido na Rua da Guia e na Casa-Museu desta Junta de Freguesia que, no coração do bairro, na Rua João do Outeiro, apresenta a vida e obra que deixou.

Com o roteiro Lisboa Mauriciana convidamos a percorrer o território ao som de Maurício, num caminho que atravessa os bairros e o próprio Fado.

Miguel Coelho, Presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior

 

 

 

 

  1. Casa-Museu Fernando Maurício | O menino que não fui
  2. Rua da Mouraria | História de uma guitarra
  3. Rua do Capelão | O meu bairro
  4.  Rua da Guia (junto ao busto) | Na Mouraria
  5. Rua Marquês de Ponte de Lima | Sótão da Amendoeira
  6. Rua de São Cristóvão | Boa noite, solidão
  7.  Largo do Correio-Mor | Mulher de Lisboa
  8. Miradouro de Santa Luzia | Fui dizer-te adeus ao cais
  9. Adro da Igreja de Santo Estêvão | Igreja de Santo Estêvão
  10.  Largo de São Miguel | Bairro afamado
  11. Largo do Chafariz de Dentro | Alfama
  12.  Doca Jardim do Tabaco – Terminal de Cruzeiros | Esta noite não

 

Ao iniciar o percurso, sem ordem predefinida, o viajante mauriciano encontrará placas de chão com QR Code, cuja leitura remete para a informação respetiva ao ponto em que se encontra. O poema e o poeta, o Fado interpretado pela voz inconfundível de Fernando Maurício e a contextualização geográfica daquele ponto. Encontrará mais, sempre: o mapa do percurso, a ligação para a Casa-Museu Fernando Maurício e para a biografia do fadista.

 

 

Fernando da Silva Maurício. O Rei sem Coroa. Quem o disse foi o tempo, o mesmo que passou pela infância na Rua do Capelão até ao eco que se pegou à memória do Fado. Castiço, mas invulgar, carregou na voz o rosto do bairro. Da Mouraria, a sua, e não só – porque nas palavras que cantou está a cartografia de uma cidade que permanece em escuta.

No seu Fado, rente à alma, logo se vê o estilo que não se repete mas que foi capaz de criar escola. É um legado que tem o peso do povo e que dura como faz a história. Para entendê-lo é preciso mais do que ouvir: ir mais fundo, sentir o chão. Estar perto do princípio do espírito bairrista que nasce nas ruas, nos cantos e nos pormenores de cada bairro que estão nos versos a que a sua voz deu corpo. Corpo e vida ao legado imortal que deixou o rasto de um imaginário físico e que ainda passeia por esta cidade. A Lisboa Mauriciana que o maior fadista tradicional cantou até receber do tempo a coroação que veio do povo, não precisando da coroa para ser o rei do Fado.

Ricardo Gonçalves Dias, Vogal do Executivo

 

 

O MENINO QUE NÃO FUI

Nasci talhado de fado
Cresci no tempo a correr
Sem direito de sonhar;
Não parei no meu passado
Fui menino sem saber
E condenado a cantar

Tive a noite por guarida
Deram-me o fado, por pão
Por enxerga, a fria rua
Cresci á margem da vida
Ao lado da solidão
Coberto p’la luz da lua

Queria voltar a nascer
E sonhar um só momento
No meu mundo pequenino
Passou o tempo a correr
Não tive idade nem tempo
De brincar e ser menino

Mário Raínho

 

 

 

CASA-MUSEU FERNANDO MAURÍCIO